Nova Iorque não é apenas uma cidade onde as coisas acontecem, é, também, uma cidade onde se faz acontecer. Nesta época de balanço e de celebração, pagam-se os bónus à banca, festeja-se o alcançar de objectivos, estabelecem-se novas metas e volta-se a começar do zero. A juntar aos inúmeros eventos típicos desta altura do ano, sentimo-nos todos um pouco numa maratona a terminar os pendentes antes de irmos de festas.
Que os Nova Iorquinos são impacientes, é uma asserção feita por Americanos e pelo mundo. Nós, por seu turno, nem reparamos, não fossem os amigos doutras paragens comentarem o facto. Um exemplo último da falta de tempo e, sem dúvida, da falta de espaço, é a casa automática, ou Push Button House, pelo arquitecto Adam Kalkin, que está até ao dia 29 de Dezembro no Centro Time Warner. Tinha posto na minha agenda uma visita obrigatória, mas como em dias de contagem decrescente para a partida a necessidade fala mais alto, foi preciso um livro difícil de encontrar levar-me a uma livraria de Columbus Circle para a ver ao vivo. O Illy Café serve espressos num espaço que em noventa segundos se converte de um contentor numa casa, com cama, balcão, sala com estantes e mesas.
Estou prestes a fazer a travessia do Oceano para a visita Natalícia às origens e nesta altura reflicto sobre as diferenças entre os Estados Unidos e a Europa. Aqui é um lugar-comum designar a Europa no colectivo, em vez de identificar um país em particular, e até nós, europeus acabamos por o fazer também. Se por um lado, a Europa está realmente próxima dos Estados Unidos por razões históricas, há também muitas diferenças, mesmo entre cidades irmãs como Londres e Nova Iorque. Por exemplo, na América o mecenato assume uma dimensão fulcral na dinamização das artes e da sociedade em geral. O facto de Nova Iorque ser actualmente o centro artístico por excelência, deve-se sobremaneira a uma tradição de patronato que remonta ao final do século XIX. Em conversa com uma das pessoas que curou a exposição do Richard Prince patente no Guggenheim, Inglesa e que conhece os meios artísticos em ambos os lados do Atlântico, verificámos que na Europa há um sentimento que o Estado deve ser o mecenas último dos museus e incentivador das artes. O indivíduo, em geral, inibe-se de efectuar contribuições avultadas, salvo raras excepções. Aqui, essas excepções são a regra. A grande parte do espólio dos museus de Nova Iorque constituiu-se à base de doações. Por exemplo, a exposição Age of Rembrandt: Dutch Paintings in the Metropolitan Museum of Art apresenta uma das maiores colecções de pintura flamenga fora da Holanda, com 228 quadros exclusivamente provenientes de dádivas ao MET. Há uma noção de responsabilidade pelo bem colectivo que é intrínseca ao indivíduo e que se denota em todos os campos. São exemplos disso a Fundação Gates, no campo da medicina, ou a Baryshnikov Dance Foundation, no campo da dança e das artes, para nomear apenas alguns casos.
Que os Nova Iorquinos são impacientes, é uma asserção feita por Americanos e pelo mundo. Nós, por seu turno, nem reparamos, não fossem os amigos doutras paragens comentarem o facto. Um exemplo último da falta de tempo e, sem dúvida, da falta de espaço, é a casa automática, ou Push Button House, pelo arquitecto Adam Kalkin, que está até ao dia 29 de Dezembro no Centro Time Warner. Tinha posto na minha agenda uma visita obrigatória, mas como em dias de contagem decrescente para a partida a necessidade fala mais alto, foi preciso um livro difícil de encontrar levar-me a uma livraria de Columbus Circle para a ver ao vivo. O Illy Café serve espressos num espaço que em noventa segundos se converte de um contentor numa casa, com cama, balcão, sala com estantes e mesas.
Estou prestes a fazer a travessia do Oceano para a visita Natalícia às origens e nesta altura reflicto sobre as diferenças entre os Estados Unidos e a Europa. Aqui é um lugar-comum designar a Europa no colectivo, em vez de identificar um país em particular, e até nós, europeus acabamos por o fazer também. Se por um lado, a Europa está realmente próxima dos Estados Unidos por razões históricas, há também muitas diferenças, mesmo entre cidades irmãs como Londres e Nova Iorque. Por exemplo, na América o mecenato assume uma dimensão fulcral na dinamização das artes e da sociedade em geral. O facto de Nova Iorque ser actualmente o centro artístico por excelência, deve-se sobremaneira a uma tradição de patronato que remonta ao final do século XIX. Em conversa com uma das pessoas que curou a exposição do Richard Prince patente no Guggenheim, Inglesa e que conhece os meios artísticos em ambos os lados do Atlântico, verificámos que na Europa há um sentimento que o Estado deve ser o mecenas último dos museus e incentivador das artes. O indivíduo, em geral, inibe-se de efectuar contribuições avultadas, salvo raras excepções. Aqui, essas excepções são a regra. A grande parte do espólio dos museus de Nova Iorque constituiu-se à base de doações. Por exemplo, a exposição Age of Rembrandt: Dutch Paintings in the Metropolitan Museum of Art apresenta uma das maiores colecções de pintura flamenga fora da Holanda, com 228 quadros exclusivamente provenientes de dádivas ao MET. Há uma noção de responsabilidade pelo bem colectivo que é intrínseca ao indivíduo e que se denota em todos os campos. São exemplos disso a Fundação Gates, no campo da medicina, ou a Baryshnikov Dance Foundation, no campo da dança e das artes, para nomear apenas alguns casos.