Serão cidades como Londres, Madrid ou Nova Iorque, cidades traumatizadas? O que será que pensam os residentes de outras cidades, aquelas cidades pacíficas, como Lisboa, que têm torres gémeas, mas não têm ataques terroristas, quando ouvem uma explosão, sentem as fundações do edifício onde se encontram abalar, ouvem o ruído do que parece fogo a crepitar e quando olham pela janela vêem uma coluna de fumo negro imensa, da altura de um arranha-céus, e pessoas a correr e a gritar na rua?
E será que a resposta depende da experiência pessoal do residente das chamadas cidades de risco, ou depende apenas do facto de se viver numa dessas cidades?
Quanto à resposta à primeira pergunta, a versão residente numa cidade assolada por ataques terroristas é: Pensamos o pior. Quanto à segunda pergunta, quando adquirimos morada numa destas cidades, adquirimos algo mais subtil, algo que não sabíamos que estávamos a "comprar" quando assinámos o contrato de arrendamento ou o contrato de compra e venda e que só se manifesta nas alturas dos aniversários dos acontecimentos trágicos que marcaram estas cidades, ou quando, e se, ouvimos essa explosão muito próximo de onde nos encontramos, mesmo que nunca se tenha, de facto, vivido um ataque terrorista.
No dia 18 de Julho, Manhattan viveu um começo de hora de ponta que acordou memórias adormecidas de outros tempos. Mesmo ao lado do edifício onde trabalho, o cenário foi como o acima descrito. As fundações das nossas vidas foram abaladas. Subitamente, tudo é relativizado, a prioridade deixa de ser o deadline e passa a ser o correr pela vida. No caminho ainda há tempo de agarrar o computador portátil, mas na secretária ficam os to dos. As escadas dos andares que demoram um tempo ínfimo a percorrer de elevador, parecem intermináveis, a saída de emergência nunca mais aparece e quando, finalmente, surge, não se sabe o que se vai encontrar lá fora.
Algumas pessoas falam de um prédio que colapsou. Prioridade, sair dali. Por outro lado, não se consegue deixar de pensar que, provavelmente, há quem nunca mais volte para casa. À medida que os passos vão somando ruas, a cidade parece progressivamente mais normal. A vinte quarteirões de distância, a cidade está totalmente abstraída, as pessoas sabem que o metro não está a funcionar, mas não sabem porquê. Durante horas, não se sabe o que aconteceu. Afinal, foi apenas a explosão acidental de um cano que abriu uma enorme cratera na Rua 42.
O que realmente aconteceu? O que já se sabia. O 11 de Setembro (9/11) não inspira apenas filmes, livros ou outras manifestações artísticas, como as fotografias de Eric Baudelaire, em exibição na Elizabeth Dee Gallery em Chelsea. Não, como dizia Nietzsche, acontecimentos "that move the world enter on doves' feet". Tudo o resto, são manifestações de uma consciência colectiva.
E será que a resposta depende da experiência pessoal do residente das chamadas cidades de risco, ou depende apenas do facto de se viver numa dessas cidades?
Quanto à resposta à primeira pergunta, a versão residente numa cidade assolada por ataques terroristas é: Pensamos o pior. Quanto à segunda pergunta, quando adquirimos morada numa destas cidades, adquirimos algo mais subtil, algo que não sabíamos que estávamos a "comprar" quando assinámos o contrato de arrendamento ou o contrato de compra e venda e que só se manifesta nas alturas dos aniversários dos acontecimentos trágicos que marcaram estas cidades, ou quando, e se, ouvimos essa explosão muito próximo de onde nos encontramos, mesmo que nunca se tenha, de facto, vivido um ataque terrorista.
No dia 18 de Julho, Manhattan viveu um começo de hora de ponta que acordou memórias adormecidas de outros tempos. Mesmo ao lado do edifício onde trabalho, o cenário foi como o acima descrito. As fundações das nossas vidas foram abaladas. Subitamente, tudo é relativizado, a prioridade deixa de ser o deadline e passa a ser o correr pela vida. No caminho ainda há tempo de agarrar o computador portátil, mas na secretária ficam os to dos. As escadas dos andares que demoram um tempo ínfimo a percorrer de elevador, parecem intermináveis, a saída de emergência nunca mais aparece e quando, finalmente, surge, não se sabe o que se vai encontrar lá fora.
Algumas pessoas falam de um prédio que colapsou. Prioridade, sair dali. Por outro lado, não se consegue deixar de pensar que, provavelmente, há quem nunca mais volte para casa. À medida que os passos vão somando ruas, a cidade parece progressivamente mais normal. A vinte quarteirões de distância, a cidade está totalmente abstraída, as pessoas sabem que o metro não está a funcionar, mas não sabem porquê. Durante horas, não se sabe o que aconteceu. Afinal, foi apenas a explosão acidental de um cano que abriu uma enorme cratera na Rua 42.
O que realmente aconteceu? O que já se sabia. O 11 de Setembro (9/11) não inspira apenas filmes, livros ou outras manifestações artísticas, como as fotografias de Eric Baudelaire, em exibição na Elizabeth Dee Gallery em Chelsea. Não, como dizia Nietzsche, acontecimentos "that move the world enter on doves' feet". Tudo o resto, são manifestações de uma consciência colectiva.