Falar de moda é, por vezes, falar de clichés. Todos nós acabamos por ter uma opinião sobre a indústria, sobre os modelos, enfim, sobre o que está em voga. Em Nova Iorque o mundo da moda manifesta-se de diversas formas, no entanto, na altura da New York Fashion Week, a cidade é tomada de assalto e passa a girar em torno deste eixo, em particular. Mesmo quem não segue de perto o que se passa nesta esfera, sabe que algo está a acontecer na cidade. De 5 a 12 de Setembro, Nova Iorque reverberou de actividade, o show saiu às ruas, as celebridades confluíram à ilha chamada Manhattan, viram-se mais limusinas e os hotéis e restaurantes in encheram e foram o cenário de diversas festas.
Maquilhagem, cabelo, unhas, acção. O local para estar e ser visto nesta semana é, precisamente, os desfiles de moda que constituem o prato principal da Fashion Week. Isto, quando o trabalho o permite. Se para os profissionais do mundo da moda, literalmente, dos quatro cantos do mundo, a atenção está, naturalmente, focada no que se passa na passerelle, para os restantes de nós, com profissões a tempo inteiro noutros sectores de actividade, há que coordenar agendas. No entanto, tudo é possível.
Dos desfiles a que assisti, destaco dois. Um, o desfile da linha Z Zegna, a versão mais urbana e descontraída de Ermenegildo Zegna, porque só podia ter acontecido no contexto do cenário Nova Iorquino. No coração de TriBeCa, a passerelle podia bem ter tido acesso directo à rua, porque o desfile reflectiu, precisamente, o estilo eclético e ousado de Nova Iorque. Depois, o desfile de Carolina Herrera que representou o glamour que ainda está associado a Nova Iorque. Estilo e sofisticação q.b., mas não só, o desfile decorreu no cenário tradicional da New York Fashion Week - a tenda em Bryant Park. Do branco, vislumbrado por entre as árvores do parque, entra-se para um mundo forrado a preto, iluminado por flashes e focos de televisão.
Mas afinal o que se procura na moda? Uns buscam inovação, originalidade, novos materiais, novas cores, novas formas e tendências. A colecção Primavera/Verão 2008 trouxe cores vibrantes, em notas cítricas, estampados étnicos, silhuetas alongadas e cinturas subidas. Mas, o que realmente importa, o que faz a diferença, resume-se a uma palavra, atitude. Se o que é preciso para que essa mesma atitude se manifeste é uma peça de roupa ou um acessório, so be it. Na era da massificação dos itens de luxo e em que o próprio conceito de luxo está a ser reinterpretado, o que conta é a experiência em si, algo que nos faz sentir especiais e prontos para enfrentar o mundo com confiança.
Fotografia: Carolina Herrera, colecção Primavera/
Verão 2008
[Publicado no Semanário Económico - 21 de Setembro, 2007]