Se Washington, D.C. vive para a política, Nova Iorque vive para sacudir a política. Não de forma metódica e obsessiva, mas pelo simples facto de manifestar as opiniões que, na sua maioria, estão em discordância com a maioria dos Estados Unidos numa dicotomia litoral/interior.
Na passada segunda-feira celebrou-se o Presidents Day em nome de George Washington e Abraham Lincoln e, em termos mais amplos, em nome da instituição da presidência. Os ânimos andam ao rubro pelo país fora, mas nestas últimas semanas Nova Iorque teve a sua dose reforçada de adrenalina. Começou com a vitória dos New York Giants no campeonato nacional do futebol americano, a Super Bowl, e com a recepção dos mesmos no seu regresso à cidade com uma ticker-tape parade com muitos confetti e papel, algo que já não se via em Manhattan desde 2000. Na mesma semana decorria a New York Fashion Week; Madonna e a Gucci aliavam esforços e invadiam um dos relvados da sede das Nações Unidas para uma mega festa de angariação de fundos a favor da UNICEF e da Raising Malawi: Orphan Care Initiative, fundada por Madonna; a Gucci abria a sua maior loja do mundo na Trump Tower; e Nova Iorque ia a votos para as primárias do Estado na chamada Super Tuesday, onde muitos pensavam que depois de votarem vinte e quatro Estados num só dia tudo ia ficar decidido.
Não ficou, os democratas ainda se encontram divididos entre a tradição Clintoniana e o apologista da mudança possível, Barack Obama, enquanto que os republicanos, esses sim, estão cada vez mais próximo de um candidato final. Este é o cenário, mas se enquanto a política para Nova Iorque é um meio, para D.C. é um fim em si mesma. Na semana passada, depois de um forte nevão tive que apanhar o comboio expresso para uma reunião de trabalho em D.C., em vez do avião. Nova Iorquina, sento-me com o meu Financial Times que me aguarda todos os dias excepto ao Domingo e feriados à saída da porta e concentro-me em ver como é que os meus clientes multinacionais se estão a sair nesta caixinha de surpresas que se tornou a fase de tumulto económico-financeiro que estamos a atravessar. Há vozes discordantes quanto à separação ou casamento das economias do resto do mundo com a economia dos Estados Unidos, fala-se de mais flutuações dos mercados e, sim, também em política. Por seu turno, o senhor que se sentou à minha frente, lobbyista ou político de profissão de D.C., carregava um saco com os jornais do dia e perscrutava as suas páginas à procura do comentário do dia político anterior, intercalando com uma chamada ou outra sobre espaços na imprensa para o dia seguinte. O senhor ao meu lado perguntava se alguém tinha acreditado há uns meses atrás que os republicanos estariam tão próximo de ainda terem alguma hipótese. Enfim, respirava-se e falava-se política. Business as usual é, de facto, muito diferente para as duas cidades.
Na passada segunda-feira celebrou-se o Presidents Day em nome de George Washington e Abraham Lincoln e, em termos mais amplos, em nome da instituição da presidência. Os ânimos andam ao rubro pelo país fora, mas nestas últimas semanas Nova Iorque teve a sua dose reforçada de adrenalina. Começou com a vitória dos New York Giants no campeonato nacional do futebol americano, a Super Bowl, e com a recepção dos mesmos no seu regresso à cidade com uma ticker-tape parade com muitos confetti e papel, algo que já não se via em Manhattan desde 2000. Na mesma semana decorria a New York Fashion Week; Madonna e a Gucci aliavam esforços e invadiam um dos relvados da sede das Nações Unidas para uma mega festa de angariação de fundos a favor da UNICEF e da Raising Malawi: Orphan Care Initiative, fundada por Madonna; a Gucci abria a sua maior loja do mundo na Trump Tower; e Nova Iorque ia a votos para as primárias do Estado na chamada Super Tuesday, onde muitos pensavam que depois de votarem vinte e quatro Estados num só dia tudo ia ficar decidido.
Não ficou, os democratas ainda se encontram divididos entre a tradição Clintoniana e o apologista da mudança possível, Barack Obama, enquanto que os republicanos, esses sim, estão cada vez mais próximo de um candidato final. Este é o cenário, mas se enquanto a política para Nova Iorque é um meio, para D.C. é um fim em si mesma. Na semana passada, depois de um forte nevão tive que apanhar o comboio expresso para uma reunião de trabalho em D.C., em vez do avião. Nova Iorquina, sento-me com o meu Financial Times que me aguarda todos os dias excepto ao Domingo e feriados à saída da porta e concentro-me em ver como é que os meus clientes multinacionais se estão a sair nesta caixinha de surpresas que se tornou a fase de tumulto económico-financeiro que estamos a atravessar. Há vozes discordantes quanto à separação ou casamento das economias do resto do mundo com a economia dos Estados Unidos, fala-se de mais flutuações dos mercados e, sim, também em política. Por seu turno, o senhor que se sentou à minha frente, lobbyista ou político de profissão de D.C., carregava um saco com os jornais do dia e perscrutava as suas páginas à procura do comentário do dia político anterior, intercalando com uma chamada ou outra sobre espaços na imprensa para o dia seguinte. O senhor ao meu lado perguntava se alguém tinha acreditado há uns meses atrás que os republicanos estariam tão próximo de ainda terem alguma hipótese. Enfim, respirava-se e falava-se política. Business as usual é, de facto, muito diferente para as duas cidades.
[Publicado no Semanário Económico - 22 de Fevereiro, 2008]