Por vezes é como se o mapa-mundo tivesse sido dobrado em dois quando a tinta estava ainda fresca, fazendo passar os nomes de um lado do Atlântico para o outro. No espaço de poucos quilómetros podemos ver Amesterdão e Siracusa, sem termos que atravessar fronteiras ou adaptarmo-nos a outra língua. De entre as várias coisas que foram trazidas do velho continente, incluem-se, sem dúvida, os topónimos. Mas enquanto para quem tenha nascido aqui talvez não seja motivo de estranheza esta salada russa de nomes de cidades de outras paragens, para nós, europeus, a primeira imagem que vem à ideia é a do local original.
O fim-de-semana passado estive em Siracusa, na zona norte do Estado de Nova Iorque, não em Itália. Pessoalmente, imagino sempre o nome pronunciado em francês, na letra de Henri Salvador e na voz de China Forbes dos Pink Martini, mas esta Siracusa não tem mar, nem sol mediterrânico. O motivo da visita foi uma festa de "pós-casamento" de uns grandes amigos. É cada vez mais comum para casais de duas nacionalidades diferentes organizarem mais do que um copo de água, e, embora, muitas vezes a denominação da festa seja diferente, o objectivo é basicamente o mesmo, ou seja, partilhar o acontecimento com os amigos e familiares nas várias localizações. Na era da globalização é, por vezes, um desafio manter a tradição, mas essa mesma globalização faz tudo parecer mais perto e, no fundo, trata-se do mesmo fenómeno, embora com várias manifestações, o de aproximar o distante.
Na semana passada vi ainda a retrospectiva no Guggenheim de outra expatriada, esta de há muitos anos atrás. Louise Bourgeois nasceu em Paris em 1911 e mudou-se para Nova Iorque com o seu marido americano em 1938. Nesta mudança, o processo criativo funcionou ao mesmo tempo como uma forma de expressão e como um processo de assimilação da nova paisagem e dos novos papeis que Bourgeois começava a desempenhar, o de esposa e de mãe. Nas suas primeiras esculturas, formas solitárias em madeira, estreitas e compridas, denota-se a verticalidade dos arranha-céus que a rodeavam. Depois vieram outras formas e materiais, algo que a artista continua a explorar em Nova Iorque, onde continua a viver e a criar.
No entanto, não é só nos nomes das localidades ou no grupo dos expatriados europeus que a Europa se faz representar nos Estados Unidos. Com os preços da gasolina a atingirem preços estratosféricos os americanos estão gradualmente a render-se à evidência que conduzir carros enormes tem custos proporcionais ao tamanho dos mesmos. Neste momento, os carros mais pequenos de marcas europeias, como o Mini Cooper ou outros carros que nos são tão familiares nas cidades europeias, onde as ruas são mais estreitas, o estacionamento é escasso e a rapidez com que nos movimentamos no trânsito congestionado importa mais do que o tamanho do carro, são objecto de grande procura e já suplantaram as vendas de SUV's.
O fim-de-semana passado estive em Siracusa, na zona norte do Estado de Nova Iorque, não em Itália. Pessoalmente, imagino sempre o nome pronunciado em francês, na letra de Henri Salvador e na voz de China Forbes dos Pink Martini, mas esta Siracusa não tem mar, nem sol mediterrânico. O motivo da visita foi uma festa de "pós-casamento" de uns grandes amigos. É cada vez mais comum para casais de duas nacionalidades diferentes organizarem mais do que um copo de água, e, embora, muitas vezes a denominação da festa seja diferente, o objectivo é basicamente o mesmo, ou seja, partilhar o acontecimento com os amigos e familiares nas várias localizações. Na era da globalização é, por vezes, um desafio manter a tradição, mas essa mesma globalização faz tudo parecer mais perto e, no fundo, trata-se do mesmo fenómeno, embora com várias manifestações, o de aproximar o distante.
Na semana passada vi ainda a retrospectiva no Guggenheim de outra expatriada, esta de há muitos anos atrás. Louise Bourgeois nasceu em Paris em 1911 e mudou-se para Nova Iorque com o seu marido americano em 1938. Nesta mudança, o processo criativo funcionou ao mesmo tempo como uma forma de expressão e como um processo de assimilação da nova paisagem e dos novos papeis que Bourgeois começava a desempenhar, o de esposa e de mãe. Nas suas primeiras esculturas, formas solitárias em madeira, estreitas e compridas, denota-se a verticalidade dos arranha-céus que a rodeavam. Depois vieram outras formas e materiais, algo que a artista continua a explorar em Nova Iorque, onde continua a viver e a criar.
No entanto, não é só nos nomes das localidades ou no grupo dos expatriados europeus que a Europa se faz representar nos Estados Unidos. Com os preços da gasolina a atingirem preços estratosféricos os americanos estão gradualmente a render-se à evidência que conduzir carros enormes tem custos proporcionais ao tamanho dos mesmos. Neste momento, os carros mais pequenos de marcas europeias, como o Mini Cooper ou outros carros que nos são tão familiares nas cidades europeias, onde as ruas são mais estreitas, o estacionamento é escasso e a rapidez com que nos movimentamos no trânsito congestionado importa mais do que o tamanho do carro, são objecto de grande procura e já suplantaram as vendas de SUV's.
Retrospectiva de Louise Bourgeois no Guggenheim. Fotografia: The New York Times.
[Publicado no Semanário Económico - 25 de Julho, 2008]