Apesar de o ditado dizer que é no meio-termo que reside a virtude, eu confesso que não gosto do meio-termo. Não gosto do que não é pouco, mas também não é bastante, do que fica aquém, na fronteira entre uma promessa e uma frustração, do que não é plenitude, excepcional, tudo ou nada. Na terminologia do leite que não é magro, mas também não é gordo, o half & half é quase uma indecisão, um assumir em potência.
Mas por vezes o que não é totalmente, também tem as suas vantagens, como um mal menor. Num volte-face inesperado, na semana que passou, os Estados Unidos entraram numa era de regulamentação dos mercados financeiros, pseudo-nacionalizaram a seguradora A.I.G e lançaram as bases de um fundo de 700 biliões de dólares para adquirir os "activos tóxicos" que assolam os balanços de instituições financeiras americanas e estrangeiras com operações significativas nos Estados Unidos. A mim, fez-me lembrar um spot publicitário australiano de serviços de terceira geração para telemóveis, intitulado sem medo, em que os jogos se jogam na vida real e em que o comentador diz, e "o que seria se pudesse fazer o que adora, mas sem consequências". No anúncio, os utilizadores movem-se através da cidade, campo e até se aventuram em direcção ao mar, dentro de umas cápsulas gigantes de plástico insuflável acolchoado, desafiando os elementos, sem consequências. Na realidade dos mercados, a ausência de efeitos é uma utopia e apesar de o estado norte-americano estar a tentar minorar as consequências negativas da queda através da sua versão de cápsulas insufláveis, os resultados estão muito longe de garantidos.
Mas half & half, também porque este passado dia 22 ocorreu o equinócio de Outono, o momento em que o sol se posiciona directamente sobre o equador e em que a duração do dia é idêntica à duração da noite. O mar revoltava-se e contorcia-se, a estação mudava e Nova Iorque estava em estado de sítio. No dia 22, cabeças de estado de vários países confluíram à cidade para participar numa sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, incluindo o actual Presidente, no seu último discurso como tal perante a Assembleia, e para assistir à reunião anual da Global Initiative de Bill Clinton. Vias e pontes cortadas e um enorme aparato policial congestionaram Manhattan ao extremo, realçando o seu carácter de ilha. O dia coincidiu com uma partida para uma viagem de negócios, mas com o caos em que se encontrava o trânsito na cidade e arredores, pensei que ia ser desta que ia perder um avião pela primeira vez. Cheguei a tempo, e, no fim, acabei por ter que esperar já na pista pela aterragem de um dignitário não identificado para poder partir.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o ser, muda-se a confiança
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Luís Vaz de Camões
Mas por vezes o que não é totalmente, também tem as suas vantagens, como um mal menor. Num volte-face inesperado, na semana que passou, os Estados Unidos entraram numa era de regulamentação dos mercados financeiros, pseudo-nacionalizaram a seguradora A.I.G e lançaram as bases de um fundo de 700 biliões de dólares para adquirir os "activos tóxicos" que assolam os balanços de instituições financeiras americanas e estrangeiras com operações significativas nos Estados Unidos. A mim, fez-me lembrar um spot publicitário australiano de serviços de terceira geração para telemóveis, intitulado sem medo, em que os jogos se jogam na vida real e em que o comentador diz, e "o que seria se pudesse fazer o que adora, mas sem consequências". No anúncio, os utilizadores movem-se através da cidade, campo e até se aventuram em direcção ao mar, dentro de umas cápsulas gigantes de plástico insuflável acolchoado, desafiando os elementos, sem consequências. Na realidade dos mercados, a ausência de efeitos é uma utopia e apesar de o estado norte-americano estar a tentar minorar as consequências negativas da queda através da sua versão de cápsulas insufláveis, os resultados estão muito longe de garantidos.
Mas half & half, também porque este passado dia 22 ocorreu o equinócio de Outono, o momento em que o sol se posiciona directamente sobre o equador e em que a duração do dia é idêntica à duração da noite. O mar revoltava-se e contorcia-se, a estação mudava e Nova Iorque estava em estado de sítio. No dia 22, cabeças de estado de vários países confluíram à cidade para participar numa sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, incluindo o actual Presidente, no seu último discurso como tal perante a Assembleia, e para assistir à reunião anual da Global Initiative de Bill Clinton. Vias e pontes cortadas e um enorme aparato policial congestionaram Manhattan ao extremo, realçando o seu carácter de ilha. O dia coincidiu com uma partida para uma viagem de negócios, mas com o caos em que se encontrava o trânsito na cidade e arredores, pensei que ia ser desta que ia perder um avião pela primeira vez. Cheguei a tempo, e, no fim, acabei por ter que esperar já na pista pela aterragem de um dignitário não identificado para poder partir.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o ser, muda-se a confiança
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Luís Vaz de Camões